TRIÂNGULO MINEIRO
Briga com norte-americano começou após ofensa em prostíbulo de Uberlândia, defende advogado
Jurista relata que cliente foi xingado antes de iniciar agressão que levou vítima para o hospital. Ele morreu um mês depois do crime e autor está preso.
Advogado de defesa do cabeleireiro Jefferson Batista Xavier, de 23 anos, um dos presos após agressão ao norte-americano Herman Durwood em Uberlândia, deu esclarecimentos ao G1 na manhã desta segunda-feira (22) e uma nova versão sobre o caso.

O engenheiro foi espancado em dezembro, ficou internado por cerca de um mês no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e morreu no dia 16 de janeiro, depois de ser transferido para os Estados Unidos. A agressão foi registrada por câmeras de videomonitoramento e os dois envolvidos presos. De acordo com o jurista Leandro Luiz de Araújo, a briga entre os envolvidos iniciou na escada de uma casa de prostituição e o cliente teria sido agredido primeiro, sendo alvo também de ofensa racista.

No relato de Jefferson, ele e o amigo Wallyson dos Santos saíram de uma comemoração de aniversário no Centro da cidade e resolveram ir até o local, que fica na Rua Santos Dumont. Em seguida, eles subiram a escada do estabelecimento e encontraram com a mulher acompanhada do americano.

“A mulher fala para eles que o prostíbulo já estava fechado e então eles encostam na parede para que ela e o americano possam descer a escada. Quando começam a descer, a mulher ri para um dos dois, que sorriem de volta. Tomado pelo ciúme, o estadunidense dá uma cotovelada na barriga do Jefferson e profere uma palavra de cunho racista. Essa agressão gratuita ocorreu pelo americano entender que, entre aspas, a garota de programa seria sua”, justificou Leandro.

Ainda conforme a versão do réu, neste momento ele vai atrás do norte-americano, já do lado de fora, para questionar o motivo das agressões e consegue entender apenas uma expressão de xingamento, dita em inglês. Foi neste momento que ele começou a agredir a vítima.

O advogado destacou que o agressor não tinha a intenção de matar o americano e que todos os fatos serão comprovados em juízo. “Os dois se igualam na situação, os dois estavam na casa de prostituição procurando as mesmas coisas. Que houve o crime, houve. Mas um crime que fugiu ao alcance dele”, disse.

Trâmites judiciais

Jefferson e Wallyson foram indiciados pela Polícia Civil por tentativa de homicídio qualificado e tiveram a prisão preventiva decretada. Eles foram levados ao Presídio Professor Jacy de Assis e permanecem presos.

A defesa do Jefferson entrou com pedido de habeas corpus e aguarda parecer do Judiciário. Os representantes de Wallyson também entraram com o pedido, mas a liberdade provisória foi negada. O G1 procurou o advogado do segundo suspeito, mas ele não quis se manifestar sobre o assunto.

O inquérito policial foi protocolado na Vara de Crimes contra a Pessoa e de Cartas Precatórias Criminais da comarca de Uberlândia. O Judiciário aguarda o Ministério Público Estadual (MPE) apresentar a denúncia para dar seguimento ao processo.

A assessoria de comunicação do MPE informou que, a partir do momento em que o inquérito relatado chegar ao órgão, a denúncia será oferecida dentro do prazo legal (cinco dias por se tratar de réu preso), caso a Promotoria responsável conclua que seja o caso de se denunciar os acusados.

A defesa irá trabalhar para que Jefferson não vá a júri popular. “Estamos falando de um rapaz de 23 anos que vive do seu labor, sustenta uma filha de dois anos de idade por meio de pensão alimentícia e cuida de uma mãe com transtorno bipolar. Pessoa que não tem nenhum tipo de antecedentes no judiciário ou qualquer órgão policial”, finalizou Araújo.

Estrangeiro estava no Brasil a trabalho

Embora o G1 tenha informado anteriormente que a vítima era turista, Herman, de 51 anos, estava no Brasil havia cerca de um mês para prestar serviço na área de engenharia para a unidade da Souza Cruz em Uberlândia.

O crime ocorreu na madrugada do dia 8 de dezembro, quando ele saía de uma casa noturna acompanhado de uma mulher de 39 anos.

A mulher relatou à polícia que foi iniciada uma discussão entre os envolvidos, sendo que um dos suspeitos empurrou o engenheiro que revidou com outro “empurrão”. Instantes depois, o jovem agride o norte-americano com socos e chutes na cabeça.

As câmeras de videomonitoramento da Polícia Militar flagraram o momento das agressões. O vídeo mostra o turista encostado em um muro na Rua Santos Dumont enquanto um dos agressores discute com eles. Instantes depois, o jovem agride o norte-americano com socos e chutes na cabeça. Em seguida, uma viatura policial aborda os agressores.

O engenheiro foi socorrido em estado grave para o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e ficou internado por pouco mais de um mês na Unidade de Terapia Intensiva. A pedido da esposa, ele foi avaliado por dois médicos que vieram dos Estados Unidos e em seguida foi transferido para o país de origem, onde faleceu dez dias após a transferência. A reportagem tentou contato com a esposa, mas ela não quis comentar o caso.

23/01/2018
Fonte: Caroline Aleixo, G1 Triângulo Mineiro
 
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